Sincomerciários na luta contra projeto que libera abertura do comércio nos finais de semana e feriados

Auditório da Câmara Municipal lotado com comerciários na luta pelos seus direitos

Trabalhadores do comércio de Rio Preto e o Sincomerciários, foram surpreendidos na tarde do dia 5/02, com a notícia de que o vereador Paulo Pauléra (PP) havia protocolado um projeto de lei flexibilizando o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, industriais e de prestadores de serviços na cidade. O projeto revoga a lei 4.148 de 19 de outubro de 1987, que determina que o comércio deve funcionar de segunda a sexta, das 8h às 18h, e nos sábados e aos domingos permanecer fechados.

Para a Presidente do Sincomerciários e vereadora, Márcia Caldas, o projeto é inadmissível e vergonhoso. “Não se trata apenas de um direito do trabalhador que está sendo, mais uma vez, prejudicado. Vai muito além! Hoje, nós não temos segurança, não temos creches suficiente, não temos iluminação, não temos transporte. E querem ampliar o horário do comércio como? Vão garantir tudo isso pra o trabalhador? Nós estamos prontos para defender a categoria. Juntos, somos mais fortes e não temos medo de brigar”, garante Márcia.

Manifestação na câmara

A Presidente do Sincomerciários, Márcia Caldas, fala à imprensa sobre o projeto de lei

Segundo o vereador responsável pelo projeto, a ampliação do horário de funcionamento vai criar “escalas de trabalho e a ampliação do atendimento para que todos os cidadãos que trabalhem em horários diversos possam usufruir do máximo que a cidade oferece”. Mas o projeto ignorou os maiores interessados no assunto: o trabalhador. Os comerciários não foram consultados, e agora, lutam para assegurar seus direitos. No dia 07/02, mais de 100 trabalhadores reuniram-se para protestar, durante a sessão da Câmara Municipal de Rio Preto, contra o projeto de lei.

Ainda sem previsão para ser votado em plenário, o projeto está tirando o sono de muita gente. Mas o Sindicato está pronto para defender o trabalhador. “Eu convoco todos os trabalhadores para lutarem ao nosso lado. Vamos para câmara, vamos para as ruas, vamos pra cima!”, reforça a presidente, Márcia Caldas, que lembrou que as mulheres serão as maiores prejudicas: “Mulheres, eu conto com vocês! Pelo menos 70% dos trabalhadores do comércio são mulheres, são mães que precisam trabalhar. Então eu pergunto: se o comércio vai abrir aos domingos e feriados, quem vai cuidar das nossas crianças? Quem vai garantir a segurança dessas mulheres, a noite, na volta pra casa?”, questiona Márcia.

Trabalhadores falam sobre o projeto
e convocam o comerciários para a luta

Elisângela de Lima Martins, Praça Shopping

“Vai fazer 14 anos que eu sou do Sindicato. Desde que eu estou no comércio, eu conto com o Sindicato porque ninguém quer saber a nossa opinião. É o que está acontecendo, agora, com esse projeto que veio “goela abaixo”. É um absurdo. Nosso horário já não nos permite fazer um monte de atividades. Se for aprovado, como vai ser? Eu fico imaginando que um político que propõe esse tipo de coisa, não tem família, não tem filho, não tem uma mãe ou um pai doente que precisa dele em casa. Porque se tivesse, saberia o que estamos passando com essa proposta. Eu nem dormi pensando na possibilidade dessa lei ser aprovada. A gente entende o patronal. Mas é uma troca – nós dependemos uns dos outros. E neste caso as duas partes vão perder. Eu não vi meu filho crescer porque eu estava trabalhando. E agora? Eu vou perder o único dia que eu tenho pra ficar em casa, o domingo? É um direito nosso. E eu espero que muitos trabalhadores escutem nosso grito e venham lutar com a gente. Isso não pode acontecer, mas para ser evitado, a gente tem que estar unido, prontos pra batalha.”

 

Robson Salles de Oliveira, Lojas CEM

“Essa lei é inviável. Para começar, a gente não vê esses vereadores no calçadão, como a Márcia faz. Ninguém veio perguntar para o comerciário, para conhece o nosso comércio, se isso vai funcionar. Toda vez que o calçadão fica aberto de domingo ou fora de horário, não gera movimento que faça valer a pena abrir as lojas. O vendedor é comissionado, ou seja, se não tem movimento, a gente não ganha, só perde tempo. E com quem ficam nossos filhos? O horário de creche, hoje, já não ajuda. Imagina se tivermos que trabalhar a noite? É uma lei que só prejudica o trabalhador. Isso não vai gerar mais trabalho, pelo contrário, vai diminuir o salário do vendedor que é comissionado. Nós temos que nos unir. E quem não está aqui, hoje, saiba que é só o começo da luta. Só se estivermos, juntos, vamos ganhar mais essa!”

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